Anamnesis...

- Isso serve.

Sumiko pega uma camiseta e uma calça de agasalho que parecia bem confortável. Se encontrar uma toalha, pega também.

- Onde é o banheiro?

Olha em volta. Suíte?

O quarto de Shikaku era uma suíte. Mas talvez uma das outras portas do corredor fosse um banheiro.

Sumiko suspira:

- Se eu tomar banho aqui, posso acordar ela. Mas eu não sei quantas pessoas moram na casa, já pensou se eu entro no quarto de alguém? Ou se alguém me vê e acha que eu invadi?

Ela decide então tomar banho no banheiro de Shikaku mesmo, fazendo o mínimo de barulho possível.

O banheiro de Shikaku era amplo e confortável. Possuia uma hidromassagem, mil um tipos de produtos de beleza e muito mais.

<OFF: Usando ou não a hidromassagem, as coisas continuam da mesma forma><ON:>

Sumiko se sente revigorada depois do banho, com um soninho puxando seus olhos e arrastando seu corpo. Quando ela sai do banheiro, Shikaku continuava dormindo como pedra, apenas havia movido seu braço e perna para dentro da cama. Sumiko tem a sensação de que poderia puxar ela pra fora da cama que ela apenas iria virar de barriga pra cima quando caísse no chão.

<off: não usou a hidromassagem, ela nem saberia ligar a banheira XD >

O banho havia deixado Sumiko mais relaxada. O cansaço era forte, e o sono também. Do armário de cobertores, ela tira um edredon e coloca dobrado no chão, para servir de colchão. Ela improvisa uma cama com o que encontra, e praticamente desaba ali. Estava cansada demais para qualquer coisa.


<off 2: considerei que o banho deixou ela mais calma, por isso parei com a vocalização. Tudo bem? >

Sumiko dorme muito bem, se deitando o mais longe possível de Shikaku. Mas de repente Sumiko sente que alguém estava do seu lado. Ela levanta seu torso do chão e persebe que um homem, jovem, está olhando ela com uma cara de suspeito.



- O que você está fazendo aqui?

Sumiko percebe que aquela voz era familiar, recentemente familiar. Shikaku também acorda:

- Ah, deixa ela em paz agora. Depois você tenta novamente...- Shikaku termina rindo um pouco.

Sumiko acorda assustada, e com o susto, sua respiração se acelera e começa a ficar difícil. Enquanto ela se encolhe, arredia, em um canto de sua cama improvisada, diz:

- Na... nada... ela me trouxe...

Olha melhor para ele, tentando reconhecer:

- De onde eu conheço ele?

O homem continua com o olhar desconfiado sobre Sumiko por um tempo, e depois começa a conversar com Shikaku:

- Você está perdendo a noção das coias...

- Não muito. Ela está aqui por que quis. E você sabe que suas teses sempre foram cheias de falhas.

- ...

- Tá, nem tanto. Mas você também não quis usar aquela menina...

- Isso não vem ao caso. Sumiko, nos deixe a sós...

O homem olha direto para Sumiko, como se aquilo fosse uma ordem.

- Mas é de mim que vocês estão falando...

A menina pensa, os pensamentos saem inconscientemente como palavras. A respiração ofegante devido à asma, que ameaçava um novo surto.

- Tá... eu espero lá fora...

Ela se levanta e começa a sair, mas antes mesmo de sair do quarto, pensa novamente:

- Será que eu consigo escutar atrás da porta?

Os dois ficam encarando Sumiko com uma gota na cabeça enquanto ela se retira. Ela pode ouvir um diálogo de Shikaku com o homem:

- Não se incomode, ela é uma menina "especial"... - disse Shikaku

- Eu acho que ela precisa de ajuda profissional, e rápido...

- Mas isso em parte foi culpa sua, e você sabe disso. Estrá apenas achando graça dos seus erros...

Do lado de fora da porta, Sumiko ouve o que eles dizem. Sua respiração se acelera, ao mesmo tempo que fica mais e mais dificil.

- Como assim? Do que eles estão falando? Será que eles sabem do meu sonho? Será que eles sabem daquela sensação estranha e das dores de cabeça?

Em pouco tempo, a respiração da menina era audível. A asma a castigava mais uma vez, e ela não tinha a bombinha para lhe aliviar a crise.

Da mesma forma que a respiração de sumiko se acelera, ela nota que a respiração do casal dentro do quarto também começava se acelerar. Um som repetitivo, entremado por alguns gemidos, alguns rangidos e de vez em quando alguns pedidos. Coisa muito comum nos banheiros e cantos escuros da escola, ela se recorda. Ela nota que a maior parte das palavras deles não formavam frases coesas.

Sumiko sente seu rosto corar. A ângústia, a asma, a vergonha, a curiosidade, tudo se mistura numa torrente de emoções, e lágrimas escorrem do seu rosto.

- Eu... não aguento isso...

Ela diz, em meio aos soluços e à respiração ofegante, enquanto se afasta da porta, praticamente arrastando-se no chão, de frente para a porta.


- Será... que ela não se importa comigo? Será que ele tá forçando algo com ela? Não... se ela não quisesse, gritaria.

Ela olha para os lados:

- Tenho de sair daqui.

<off: vejo alguém ou algum movimento?>

Sumiko começa a entrar em desespero ao se tocar do que Shikaku fazia. Ela não conseguia conceber a idéia de que sua amiga fazia aquilo. Ela vai se arrastando pela casa a procura de uma saída, mas estava perdida. A bombinha fazia muita falta nessa hora. Ela não vê mais ninguém na casa, nenhum outro movimento. Ela consegue encontrar a escadaria que descia para o andar de baixo. Mas não seria falta de educação sair sem se despedir, ainda mais depois de Shikaku ter feito tanto por ela?

- É...

A respiração ofegante atrapalhava muito.

- Não posso ir embora assim...

Ela para diante da escada, e se senta no topo dela. Se encolhe, chora, se esforça para respirar. Não estava bem.

- Eu preciso... da bombinha...

Sumiko fica um tempo chorando na escada e meditando para controlar sua respiração. Até que ela começa a ouvir uns sons vindos do andar de baixo.

- Ai ai ai... quem será? E se me virem? Eu não sei se eu podia estar aqui...

Ela olha em volta, se levanta. A respiração, que tinha começado a se controlar, acelera novamente.

- Preciso me esconder...

Vai até uma das portas fechadas pelas quais ela tinha passado. E verifica se está aberta. Se estiver, pretende abrir um vãozinho e espiar lá dentro.

Sumiko encontra um quarto vazio perto da onde estava. Ela entra e fecha a porta rápido para se esconder, mas ela mal se vira para olhar o quarto e ela ouve um barulho surdo... "TUH"... E ela estava erguida pelo pescoço, apoiada na porta do quarto. Uma mão espremia seu pescoço, e o dono da mão olhava para ela com calma. Era o mesmo homem que estava junto com Shikaku.

- Ela é MINHA. Saia do meu caminho.

Ela larga ela do lado de trás da porta, enquanto sai do quarto arrumando o colarinho da camisa.

Sumiko é praticamente "esganada" por aquele cara, e cai no chão de qualquer jeito.

- Quem ele pensa que é?

Apesar de sempre ter sido capacho, de nunca ter revidado, aquele sonho... se é que foi um sonho... tinha mexido com ela. Ela já desafiou a morte uma vez. Sumiko tinha raiva. Raiva dele.

- Eu não te fiz nada...

Ela percebe a voz saindo, e se assusta com sua atitude. Repete mais convicta, olhando para ele com raiva:

- Eu não fiz nada.

O homem não dá bola para o que a menina fala. Ele sai do quarto e fecha aporta. "TUH". Ela estava com muita raiva daquela demonstração gratuita de violência, e vai atrás dele! Ela abre a porta com força, vocalizando que não havia feito nada...

- Feito o que, Sumiko? O que você estava fazendo aí?

Shikaku se assusta com a menina tímida se lançando no corredor na frente dela derrepente, saindo de um outro quarto vazio. Shikaku estava coberta com um lençol comprido.

Sumiko estava com muita raiva para prestar atenção em Shikaku agora. Olha por trás da amiga, procurando por ele:

- Cadê ele, aquele infeliz... covarde. Pensa que só porque é grande pode sair fazendo isso com as pessoas?

Ela continua a procurar, aparentemente fora de si.

- Baka, baka, baka... sua baka...

Ela mesma se xingava. Queria respostas, e não estava com a mínima disposição para descansar sem elas.

Sumiko estava bufando pelo corredor, e Shikaku que não estava entendendo nada toma um "chega pra lá" da sua colega. Sumiko pisoteia o chão atrás daquele homem tão grosso, tão estúpido, tão mesquinho, tão...

Por um segundo Sumiko tem um branco. Parecia que algo que antes estava distante tinha dado uma passada rápida só pra dar uma gelada nas suas idéias. Mas por pouco tempo, logo ela continua em sua empreitada de dar uma lição naquele safado!

- Hã... Sumiko, por acaso você está procurando o... Jack?

Shikaku tenta interromper a empreitada da menina.

Sem deixar de procurar, Sumiko diz:

- Jack? Esse é o nome dele? Que cara estúpido... Não sei nem o que eu tô fazendo... Cadê ele? Quem ele é pra pensar que pode tratar as pessoas assim?

Ela nem olha para Shikaku. Queria de qualquer jeito encontrar aquele infeliz.

- Se acalme menina! Ela já está indo embora!

Shikaku também reage estranhamente no mesmo momento em que Sumiko tem aquele "branco". Ela fica olhando de um lado para o outro e põe a mão no ombro de Sumiko.

- Você ouviu isso?

Tentando se controlar daquele ímpeto quase irresistível de ir atrás do infeliz para tirar satisfações, Sumiko olha para Shikaku e diz:

- Ouvir o quê? Ela tá tentando me distrair?